18.4.08

Bispo tem encontro negado

Edição de 18/04/2008
Irritada com as declarações do Clérigo sobre o governo, Ana Júlia não quer conversar com Dom Luiz Azcona

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O bispo da Prelazia do Marajó, Dom Luiz Azcona, tem sido pressionado e criticado desde a última segunda-feira, 14, quando voltou a denunciar casos de exploração sexual nos municípios da ilha do Marajó, notadamente Portel e Breves. Ontem, uma fonte ligada ao religioso confirmou que a governadora Ana Júlia Carepa se negou a marcar um encontro com Azcona para tratar dos assuntos denunciados e que Carepa teria ficado 'muito irritada' com as declarações de Azcona. O bispo declarou aos jornalistas que o Pará vive uma situação de 'ingovernabilidade' e que o Estado é omisso diante da exploração sexual de crianças e adolescentes. Segundo uma outra fonte, Azcona e os bispos Dom Erwin Krautler, do Xingu, e Flávio Giovenale, de Abaetetuba, ambos ameaçados de morte, assim como o sacerdote de Soure, têm tentado conversar com a governadora, mas as tentativas têm sido negadas. 'Temos sido muito pressionados depois das declarações dele (Azcona) por pessoas que gostam desse governo e não aceitam críticas'.

Ontem, o senador José Nery divulgou que irá convocar o religioso para prestar as mesmas declarações ao Senado Federal, em Brasília. Procurada, a assessoria da governadora Ana Júlia negou qualquer tentativa de encontro entre ela e os religiosos e acrescentou que ninguém do governo falará sobre a suposta irritação da governadora.

Resultado de omissão ou não do governo, o fato é que a exploração sexual de crianças e adolescentes na ilha do Marajó existe e faz mais vítimas a cada dia, sem que haja uma resposta na mesma medida de qualquer órgão público. Desde 2006, vários casos foram relatados pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Em um dos casos, envolvendo uma adolescente de 14 anos, a menina foi aliciada por outras duas adolescentes a mando de um vereador e depois estuprada na casa dele. Após denunciar o caso, a garota teve que deixar a cidade por ser ameaçada por ele e seus familiares.

Na segunda-feira, em tom de indignação, dom Azcona contou sobre a existência de crianças de 12 anos que são exploradas em troca de comida ou de alguns trocados, muitas delas estimuladas pelos próprios pais.

Senado debaterá denúncias de religioso

As denúncias do bispo do Marajó, dom Luiz Azcona, sobre exploração sexual de crianças, tráfego de mulheres, e narcotráfico na ilha vão ser debatidas em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal. O requerimento, de autoria do senador José Nery (PSOL/PA), foi aprovado por unanimidade. O debate será realizado em maio, em dia ainda a ser marcado. Participarão da audiência representantes da Polícia Federal e do Ministério das Relações Exteriores.

Demissões na indústria madeireira causam decadência social

Os municípios de Breves, Melgaço, Oeiras e Portel na Ilha do Marajó já sofrem as conseqüências das demissões em massa no setor madeireiro, que praticamente paralisou a economia da região. O aumento da violência e, conseqüentemente, o tráfico de drogas e a prostituição infanto-juvenil foram alguns dos efeitos do desemprego.

Em Portel, cidade com aproximadamente 60 mil habitantes, a freqüência de adolescentes envolvidos com o tráfico de drogas aumenta diariamente. e comun nos finais de semana o posto policial ficar lotado devido o alto indices de delitos.
Fonte:Amazonia Jornal

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