Portel: Meninos vão a Belém com o sonho de virarem jogadores profissionais
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Brasil dizem que o amor pelo futebol nasce ainda no berço. Quem nunca,
quando criança, sonhou em ser jogador de futebol? Alguns podem até dizer
que não. Mas, é só caminhar por qualquer campinho de bairro, aqueles de
terra batida, campeonatos amadores, e nas próprias arquibancadas dos
estádios e perguntar para qualquer um que certamente, a maioria – se não
todos – irão revelar que já teve esse desejo um dia. Muitos não levam a
sério, pois, o caminho até os contratos milionários, a disputa de
partidas nos principais gramados do planeta, vestir a camisa dos
melhores times do mundo, fama, prestigio é longo e, acima de tudo,
difícil.
Marlon
Carlos, 16 anos, acompanhado dos amigos Andrelino Lucas, 15, e Wendel
Santos, 17, viajaram 18 horas de barco de Portel, município da Ilha do
Marajó, até Belém em busca desse sonho. Pedindo ajuda de lojistas do
município, arrumou dinheiro das passagens e chegou. Agora, ele e os
amigos, moraram todos juntos na casa de um familiar dos garotos. As
dificuldades de comunicação entre Belém e Portel deixaram escassos os
contatos entre Marlon e os pais. “Só quando algum colega tem crédito no
celular, eu consigo falar com eles (seus pais)”, conta Marlon. Apesar da
distância, a mãe, que trabalha como empregada doméstica, e o pai, que
vive de bicos, apoiaram o filho. Na despedida, Marlon disse ao pai: “Vou
pra Belém porque quero ser jogador de futebol. Ter um reconhecimento
internacional para ajudar minha família. É isso que quero pra vida”.
A
possibilidade de ascensão social levou Marlon e os amigos a
participarem de uma peneirada de quase 200 garotos de onde saíram os
primeiros 60 atletas que formam a Sociedade Esportiva Paraense, o
primeiro clube empresa do Pará filiada a Federação Paraense de Futebol
(FPF) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O objetivo é
investir na formação de jovens atletas locais, assim como Marlon, com o
intuito de exportar talentos para todo o mundo. Assim como ele, os
demais 60 atletas estão lá na busca pelo mesmo sonho. “Nossos talentos
precisam novamente brilhar no âmbito nacional. O Pará já foi grande no
futebol e quase todos os jogadores eram locais. Nosso projeto permite
resgatar essa história”, conta João Age, o treinador da equipe e
ex-jogador de futebol paraense nos anos 80.
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