28.4.11

No Marajó, só 4 cidades têm agências bancárias

Dos 16 municípios da ilha do Marajó, apenas quatro possuem agências bancárias. Eles estão localizadas em Breves, Portel, Afuá e Soure. Ficam sem atendimento cerca de 540 mil habitantes. Quem precisa receber dinheiro tem que se deslocar para o local mais próximo ou vir para Belém. Todo o começo de mês prefeitos e secretários municipais tem de fazer uma verdadeira operação de segurança para conseguir transportar o dinheiro do pagamento dos servidores com segurança. “Temos que alugar um carro forte que pega o dinheiro no banco em Abaetetuba e leva para o aeroporto. Em Belém eu pego esse dinheiro na pista e venho para o meu município. Corremos o maior risco com esse transporte para poder fazer o pagamento dos funcionários e outras despesas do município”, disse o prefeito de São Sebastião da Boa Vista, Getúlio Brabo.

A realidade do prefeito é também a de outros 11 gestores cujos municípios não têm agência bancária. Segundo o tesoureiro da Federação dos Municípios do Estado do Pará (Famep), Iran Lima, a falta do serviço resulta em assaltos e no não crescimento econômico dos municípios sem atendimento bancário. “Os prefeitos têm que montar uma verdadeira operação de guerra para não serem assaltados, mesmo assim ainda acontece, como foi no caso do município de Ponta de Pedras. Já perdemos a conta de quantas vezes ocorreram assaltos durante o transporte dos valores.”

Outro fator importante é o econômico. A população quando vai receber dinheiro em outro município acaba gastando lá, onde tem a agência bancária. Com isso, o seu município de origem não gera renda”, disse.

Para encontrar uma solução efetiva que garanta a instalação de agências bancárias nos municípios do Marajó que ainda não contam com o serviço, o Ministério Público Federal convocou para hoje uma reunião com representantes dos bancos, das prefeituras e da Defensoria Pública da União (DPU).

“Da forma como os serviços bancários são prestados, por meio de correspondentes bancários, a segurança dos cidadãos fica muito vulnerável. Com a chamada interiorização da violência, a população local torna-se alvo de grandes assaltos e fica exposta a perigos que poderiam ser evitados por meio de uma conjugação de esforços”, critica o procurador da República, Alan Mansur Silva.

De acordo com MPF foram convidados para a reunião a Associação do Municípios do Arquipélago do Marajó, a Federação das Associações dos Municípios dos Estado do Pará (Famep), associações comerciais, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Bradesco, o Banco da Amazônia e a DPU, além dos prefeitos de municípios não atendidos pelos serviços bancários oficiais.

REALIDADE

No total, 39 municípios paraenses não possuem serviço bancário. Onze no Marajó, oito no sul do Pará, dez no sudeste, seis na Transamazônica, e quatro na Calha Norte. É impressionante essa realidade, principalmente no sul do estado, uma das regiões mais ricas do Pará. (Diário do Pará)

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