30.8.09

Ofir Loyola deixa paciente de Portel na calçada

Edição de 09/07/2009

TRATAMENTO - Idoso de 64 anos amarga horas de agonia antes de ser atendido

Depois de viajar mais de 16 horas de barco de Portel, na ilha do Marajó, a Belém, com pouco dinheiro e muita tristeza, a família de Gregório Marinho Xavier, 64 anos, pede socorro. O idoso, que teve uma crise de saúde ocasionada por uma hepatite B, foi impedido por mais de duas horas de entrar no Hospital Ophir Loyola. Ele ficou desmaiado na calçada da travessa 14 de Abril. A única coisa que os funcionários lhe ofereceram foi um pedaço de papelão para que não ficasse deitado diretamente no chão.

Gregório Marinho entrou no hospital apenas depois da chegada da imprensa. Ele estava acompanhado da esposa, neta e dois filhos. Com um salário de R$ 465, ele bancou cinco passagens, que custaram um total de R$ 400 para, ao final, não ser atendido com dignidade. O idoso tinha os olhos amarelados e vomitou diversas vezes. Apesar de o hospital ser especializado no atendimento ao paciente com câncer, ninguém o encaminhou para outro lugar.

Segundo a esposa do senhor de 64 anos, Maria de Lourdes Maciel, Gregório já teve câncer de próstata e até hoje é paciente da casa de saúde. Ele teria, inclusive, consulta marcada com uma médica identificada apenas como Sheila para o início de agosto. A família de Gregório, que chegou com ele ao Ophir Loyola por volta de 6 horas, informou que, desde o início, os funcionários do hospital fizeram pouco caso da situação do idoso.


'CACHORRO'


Emocionada, Maria de Lourdes disse que o marido foi 'tratado como um cachorro'. 'Um idoso tem prioridade em qualquer lugar. Se a gente tivesse dinheiro para pagar um plano de saúde, meu marido não estaria passando por isso. Mas a gente não pode fazer nada', disse. Mesmo tendo sido levado para o setor de triagem do hospital, durante o período em que a reportagem de O LIBERAL esteve no Ophir Loyola, ninguém atendeu o paciente.

Segundo a assessoria do Hospital Ophir Loyola, o paciente Gregório Marinho Xavier fez um tratamento de câncer de próstata no hospital há cinco anos e está em fase de acompanhamento. Contudo, segundo a nota, ele deu entrada ontem de manhã por causa de uma suspeita de hepatite B, o que não é de competência do hospital. A triagem do Ophir Loyola só atende pacientes com câncer. Mesmo assim, segundo a assessoria, a consulta do paciente foi antecipada para ontem.

Como Gregório não mora em Belém, ele também foi encaminhado, junto com a família, à Casa de Apoio do Município de Mãe do Rio, onde pôde fazer a higiene pessoal e, posteriormente, retornar ao hospital.

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